Yumme Nikki – Profunda imersão no mundo dos sonhos

Yume Nikki, ou Diário dos sonhos, como preferir, uma viagem psicodélica pelo mundo onírico de uma garotinha, agora em manga.

 

 
 
Yume Nikki é originalmente um jogo criado em 2004 por um japonês de nome Kikyiama utilizando o programa de criação de RPGs “RPG Maker 2003” (mesmo não se tratando de um RPG no sentido estrito). O objetivo original desta postagem é tratar do mangá derivado do jogo, mas aproveitarei a ocasião de falar um pouco sobre ele também, visto ser útil para a compreensão do mangá em si.

 

DO JOGO

Yume Nikki é um jogo de aventura surreal onde o jogador controla uma menina chamada Madotsuki que está misteriosamente presa em seu quarto, onde há sua cama, uma escrivaninha, um velho video-game e uma varanda, e quando se põe a dormir acorda novamente em seu quarto com a porta destrancada, só que ao invés de encontrar o resto de sua residência, Madotsuki entra em uma espécie de mundo dos sonhos onde há diversas portas (a sala das portas se chama NEXUS), cada qual leva a personagem para um mundo mais bizarro que o outro, como o mundo dos “números”, do “neon”, das “Velas”, dos “olhos”, etc. Sendo que dentro destes mundos ainda há mais portas e passagens secretas para outros diversos lugares surreais, desde uma rodovia infinita, uma nave espacial que te leva a Marte, um shopping center macabro, até mesmo ao inferno, tendo o jogador que encarar uma infinidade de temas macabros e bizarros, além de muito perturbadores.

 
 

O jogo é bastante famoso ao redor do mundo, até mesmo por aqui, ganhando um status de “cult” diante da proposta do game. Yume Nikki não possui uma história ou um enredo, o jogador tem que explorar todo o mundo dos sonhos da jovem Madotsuki e encontrar 24 “efeitos” a fim de liberar a saída do mundo dos sonhos. Efeitos são 24 objetos que conferem para Madotsuki uma habilidade especial, como um guarda-chuva, uma faca, uma bicicleta, fantasias, etc… É um pouco cansativo encontrar tais efeitos, mesmo uns sendo mais fáceis que outros para encontrar, visto o mundo dos sonhos ser muito grande e os efeitos estarem muito bem espalhados, além de que a maioria dos ambientes serem “infinitos”, ou melhor dizendo, você pode andar sem parar pois o cenário se repete, o que faz muita gente perder a paciência!

Para encontrar os efeitos o jogador precisa prestar atenção em objetos normais em ambientes estranhos, como um guarda-chuva, visto alguns dos efeitos se encontrarem jogados no chão. Ou encontrar algo estranho com o resto do cenário em que o jogador se encontra, como um sapo solitário pulando pra lá e pra cá ou um cocô gigante. Depois de coletar os efeitos o jogador pode ativá-los quando necessitar, visto que para encontrar alguns efeitos você precisa já ter um em específico, ao final do jogo, quando o jogador tiver coletado todos os efeitos, deve depositá-los na sala das portas que levam para outros mundos, sendo que neste caso eles assumem a forma de ovos, cada um com uma cor e forma diferente.

 
 

Outro elemento importante é que Madotsuki pode acordar a qualquer hora de seu sonho, bastante beliscar sua bochecha, o que a faz acordar em sua cama, o que é bem útil, visto o jogador estar em alguma situação em que não encontre uma saída ou deseje voltar rápido para o início do jogo.

 
 

Como o criador do jogo não revelou nenhum enredo, baseado nos elementos e indícios encontrados no jogo os fãs ao longo dos anos criaram as mais diversas e curiosas teorias, algumas com mais embasamento que outras naturalmente.

Dentre as teorias mais aceitas encontra-se a de que Madotsuki foi estuprada e se encontra devido a este trágico evento “presa” em suas alucinações ou em algo do gênero. Portanto, todas as bizarrices que ela encontra seriam apenas uma forma de reviver seus traumas. Vários elementos colaboram com esta teoria, como a presença de desenhos que aparentam ser ovários encontrados em uma estrada. Ou ainda sobre uma criatura chamada Kyu-Kyu, o qual parece com um órgão sexual masculino, mesmo sendo gelatinoso e possuindo um rosto, ele fica roçando no corrimão de uma escada com uma cara alegre, mas quando Madotsuki o ataca ele toma uma expressão má e se contorce violentamente. A teoria afirma que o Kyu-Kyu pode representar o violentador, que no começo foi gentil com a menina, mas quando esta tentou se defender e o atacou ele se tornou violento. Ao lado da criatura há ainda uma porta que se assemelha a um zíper que quando o jogador a golpeia “sangra” o que pode ser uma alusão a uma violência de natureza sexual.

Há também um desenho de monstro que se assemelha estar grávido e sangrando, talvez uma representação do receio de Madotsuki de ficar grávida do estuprador. Ocorre também a presença do personagem do jogo do video-game de Madotsuki, Nasu, que as vezes possui a cabeça em forma de uma berinjela, que segundo as tradições japonesas representa a fertilidade.

Outra teoria é de que Madotsuki possa estar grávida ou ter feito um aborto, visto os elementos que insinuam uma gravidez, como o já mencionado monstro grávido sangrando, o que caracterizaria muito bem um aborto, sendo que esta teoria pode estar ligada com a anterior, sendo possível que Madotsuki caso tenha sido molestada ficou grávida e ocorreu um aborto de causas naturais ou provocado.

 

Ainda a respeito destas teorias perto da criatura Kyu Kyu ocorre um evento no jogo uma tela na qual pisca freneticamente uma imagem na qual é inspirada nas pinturas de Louis Wain, pintor que sofria de esquizofrenia. O mais interessante é que a imagem piscando aparenta representa uma vagina aberta por um fórceps, o que pode aludir a um parto, ou ao receio de gravidez, ou até mesmo a uma forma de violência sexual utilizando este instrumento.

Há ainda teorias que apontam que Madotsuki possa na verdade ser um garoto o qual não aceita sua condição de garoto e se vê como garota, sendo o mundo dos sonhos fruto do trauma derivado desta condição, talvez por ter sofrido repressão ou algo do gênero, esta teoria como as próximas não possui tantas fontes como as primeiras. Essa em específico é especulada pelos fãs pelo fato de Madotsuki encontrar banheiros femininos e masculinos durante o jogo e sua relação com o NPC Poniko, uma bela menina que mora num lugar de difícil acesso em uma casa bem decorada que não dá atenção para Madotsuki até se transformar em um monstro. Ainda em relação a este NPC afirmam que Madotsuki pode ainda ser lésbica.

 
 

Outra famosa teoria é que Madotsuki encontra-se em coma, sendo os sonhos frutos de sua condição atual, há no jogo muita representação gráfica de violência e até de um acidente automobilístico. Madotsuki pode ainda ser uma assassina, visto que ao adquirir a faca muitos eventos são ativados com o ato de matar ou ferir NPCs, o que representaria sua sede de violência e seu desequilíbrio emocional.

Ou ainda Madotsuki e seus sonhos podem ser uma forma de representar diversos traumas em que as pessoas são suscetíveis de sofrer visto a infinidade de imagens, eventos e criaturas que fazem alusão a violência de todos os gêneros, solidão, gravidez, aborto, deformidades físicas etc. Como na existência de desertos e pessoas isoladas vivendo neles, uma menina com o rosto invisível que foge do contato de Madotsuki, sendo que estes sinais podem representar solidão por exemplo. Pode ainda Madotsuki ser uma paranormal que viaja entre os sonhos das outras pessoas, ou ainda simplesmente uma doente mental.

Seja qual for o significado do jogo, este suspense quanto ao seu real significado exerce uma influência positiva ao mesmo, visto incentivar a discussão acerca de velhas e novas teorias. Recentemente com aval do autor surgiram um mangá e uma light novel baseados no jogo, sendo considerados oficiais, sendo que agora podemos saber o que o autor teria em mente, contudo como só li o mangá não sei se a novel segue o mesmo roteiro visto o criador do jogo ser responsável apenas pela história do mangá.

Curioso, na série de jogos Silent Hill, famosa franquia de games de terror survival-horror, os monstros que o protagonista enfrenta, como em Yume Nikki, são frutos de traumas e abalos psicológicos de todo o tipo que criam formas e exercem poder sobre a realidade, o que torna a premissa semelhante entre os jogos.

De qualquer forma Yume Nikki é um jogo que merece ser jogado por quem se interessou pela premissa, embora pareça um tanto repetitivo buscar os efeitos a fim de terminar o jogo, tal busca pode ser muito excitante viajando por todos os recônditos dos mais obscuros sonhos da personagem. Os gráficos são simples diante da plataforma na qual o jogo foi criado, mas mesmo assim a diversão é garantida. E quem chegar ao final do jogo é brindado com um grande “mind fuck”! De fazer o jogador exclamar: “mas que diabos foi isso?”.

DO MANGÁ

O mangá do jogo Yume Nikki, que é uma adaptação oficial, foi serializiado em 10 capítulos na revista de mangá online Web Comic Gamma de 20 de maio de 2013 até 13 de março de 2014, sendo desenhado por Hitoshi Tomizawa, o qual ao meu ver foi uma boa escolha. Este mangaká que é conhecido por ser o autor de Alien Nine e Milk Closet, o qual já deu as caras por aqui quando tratei destas obras, poderia muito bem ter criado o enredo do mangá visto suas obras em nada perderem para as esquisitices e bizarrices do jogo Yume Nikki, além de sua maestria em tratar temas psicológicos envolvendo crianças. Como sempre o traço do desenhista é criticado por muitos pelo seu character design singular, eu particularmente até gosto de seu traço e como tais desenhos “infantilizados” (por assim dizer) casam bem com a atmosfera de horror e surrealismo das estórias nas quais propõe trabalhar e ajuda a aumentar o nível de bizarrice a outro patamar, o que também contrasta muito bem com a beleza de suas paisagens e planos de fundo os quais são muito bem detalhados, fazendo o leitor parar alguns instantes apenas para admirar seus quadros.

 

O responsável pelo roteiro é nada menos que Kikyiama, o criador do jogo em parceria com Machigerita, que até o presente momento eu nunca havia ouvido falar sobre, mas em rápida pesquisa descobri que este cara trabalha com vocaloids criando músicas de “terror”, mas não sei o que levou este sujeito a trabalhar neste mangá, mas isto não vem ao caso.

O mangá até o quarto capítulo serve como introdução ao mundo de Yume Nikki, mostrando de maneira bem clara como se dão as coisas ao redor de Madotsuki, ela no quarto trancado, não encontrando uma saída, se pondo para dormir e adentrando no mundo dos sonhos. Tudo é bem explicado no limite do possível, como o ato de beliscar a bochecha para retornar ao seu quarto acordada, a questão das portas que levam pra outros mundos, as mulheres pássaro que perseguem a personagem e a levam pro inferno, etc… É possível observar a partir de agora um certo nível de spoiler, pra quem já jogou Yume Nikki não haverá problemas, o aviso fica pra quem nunca jogou o game.

Como dito, o mangá em seu início é bem didático, o que passa a ideia de rigor técnico para quem já jogou o jogo e situa quem nunca jogou no mundo de Yume Nikki, embora muitas vezes as conclusões que a personagem faz soem um pouco forçadas.

 

 
 
 

Como dito a representação dos ambientes se manteve muito fiel ao original.

 

A representação dos mundos além porta também demonstrou o compromisso de fidelidade com o jogo.

 

O jeito que os personagens correm, eu ri disso, mas não seria nada demais colocar um pouco de naturalidade ali… Algumas adaptações são inseridas a fim de tornar a história mais plausível e agradável, como no caso dos efeitos. No Mangá mostra claramente como ela os adquire mantendo contato com os mesmos, aprendendo a trocar de efeitos que no mangá assumem a forma de discos eque podem ser guardados em uma espécie de gavetinha que parece uma janela no peito dos personagens, até mesmo a questão dos ovos foi abordada, como observado abaixo:

 

 

As paisagens panorâmicas receberam um cuidado especial por parte do mangaká o qual não economizou nos detalhes

 
 

 

Como dito, a primeira parte do mangá se trata de uma espécie de “introdução” ao universo de Yume Nikki onde de forma didática são expostos os principais pormenores do jogo a fim de familiarizar o leitor com a obra. A partir deste ponto o enredo toma um caminho próprio que não pode ser alcançado pelo jogo, tanto é que saberemos o real motivo de Madotsuki estar presa no mundo dos sonhos além de em certa parte da história termos outros personagens de importância tão significativa quanto a Madotsuki, sendo que esta em boa parte do mangá fica até mesmo “obscurecida”.


Agora pode ser que sejam visualizados alguns spoilers mais profundos, acerca dos rumos inéditos do mangá, então prestem atenção.

O ponto de transição da história como observado se dá com o encontro de Madotsuki com Poniko, a menina loira que se torna um monstro e se mostra nem um pouco interessada em Madotsuki, até o momento em que a agride e rouba seus efeitos! Então sabemos que há outras garotas na mesma situação de Madotsuki e ao longo da estória quase todas as pontas vão se fechando.

O mundo onírico foi criado por uma entidade desconhecida que não é tratada sua natureza no mangá, a fim de “consertar” meninas más, fazendo que elas ao buscar todos os efeitos encarem um por um todos os seus traumas que vão sendo relembrados a medida que a exploração se intensifica, visto estarem com as memórias apagadas. Após este tratamento de choque, elas estariam “curadas” de seus vícios. O objetivo deste mundo onírico seria de manter a “inocência” destas garotas a qualquer custo, só que o método utilizado seria eficaz? Poniko, que assume por um tempo o papel de protagonista levanta este questionamento, visto ser pouco verossímil que a visualização constante de todos os traumas seria capaz de tornar uma garota “boa”.

Este sistema de “cura” se mostrou realmente falho, visto nenhuma garota ter regressado ao seu mundo, todas mostraram anomalias, ou não seguiram as regras, buscando outros meios de escapar ou afundando em alguma lembrança traumática. Deste modo, todas estas garotas foram mantidas aprisionadas no mundo dos sonhos. Poniko, desde o início não mostrou interesse em seguir as regras, duvidando dos métodos apontados, ela então, queria voltar a qualquer custo pro mundo real, mesmo que para isso tivesse que enganar outras meninas e roubar efeitos, ela não queria voltar ao mundo real como uma “boa menina” criada artificialmente, mas como ela realmente é, recusando-se a perder sua identidade, tanto é que enganou o sistema aceitando a oferta de matar madotsuki em troca de uma segunda chance neste mundo, mas na realidade esteve sempre armando contra o sistema.

Também o mangá “explicou” de certa a forma a natureza dos efeitos, os quais são fragmentos de boas memórias das meninas, as quais em suas peregrinações pelos seus traumas as coletam a fim de prosseguirem no processo de “purificação” das garotas, embora a faca só tenha feito mal para Maodtsuki…

No contexto então sabemos também qual a natureza da maldade de Madotsuki que precisa ser reparada, ela é uma assassina! Que sente prazer em eliminar com a faca que encontrou todas as criaturas supostamente vivas ao seu redor, sendo que a criatura responsável por “corrigir” as falhas do sistema  (este ser é conhecido no jogo como o tocador de piano da nave espacial que vai pra Marte) deixou entender que quando Madotsuki aflorou seu instinto assassino dentro do mundo dos sonhos estava apenas recriando sua real natureza que detinha antes de entrar neste mundo. Tanto é que tentaram isolar Madotsuki, pois é sempre mais fácil tentar isolar o problema do que buscar resolvê-lo definitivamente.

Então, dentre as teorias elaboradas pelos fãs a que mais chegou perto foi a que afirmou ser Madotsuki uma assassina, contudo, como o mundo dos sonhos é uma junção dos traumas das meninas que são aprisionadas nele, é possível ainda que Madotsuki tenha sido vítima de violência sexual, ou algo do gênero, mesmo se não for ela algumas das outras meninas como Poniko podem ter sofrido este triste destino. Mas o que reforça que Madotsuki possa ter algum trauma de natureza sexual é que o monstro em que ela se transforma possui um olho que lembra muito o órgão sexual feminino.

Confesso que achei meio forçado o fato de Madotsuki ser praticamente a encarnação do mal, um poço de maldade, sádico e cruel, sendo que a maldade inteligente e irônica de Poniko não é nada comparada à Madotsuki. Tal maldade que já havia desde o capítulo cinco despertando, nos últimos momentos do mangá tomou proporções drásticas, sendo que o mundo dos sonhos foi salvo no último instante quando Madotsuki foi forçada a receber todos os efeitos, liberando pois sua “saída” pro mundo real. Diante disto, as cenas finais voltam a serem fiéis ao jogo, sendo a última página perfeitamente entendível apenas para quem leu o mangá!

Contudo, quem ainda não teve a oportunidade de jogar o jogo não é difícil perceber qual o destino de Madotsuki! Embora se possa ficar na dúvida… Nem o que apareceu no jogo pode ser real, (agora vem um spoiler gigante sobre o final do jogo! Leia por sua conta e risco!) 

O suicídio de Madotsuki pode ter sido apenas simbólico, representando um recomeço de sua vida após ser curada de seus traumas visto ainda se encontrar no sonho, se tornando uma boa menina, ou apenas é somente mais uma artimanha do “sistema” a fim de que nenhum dos destinos possíveis das meninas seja a liberdade, mas somente a isolação ou a morte! Sendo que é preferível que as garotas continuem dentro do mundo onírico, onde suas faltas do mundo exterior são apagadas e vivem num estado de eterna “inocência”, pelo menos este era o plano, embora sua execução tenha se mostrado falha.

(Fim dos spoilers!)





Tenho que recomendar que joguem o jogo antes de ler este mangá, pois pelo menos pra mim ter jogado o game exerceu uma influência positiva a ler esta obra, embora se alguns de vocês não tenham interesse em jogar Yume Nikki é perfeitamente viável que leiam assim mesmo, especialmente quem goste de mangás bizarros e surreais com uma boa dose de gore. Como eu disse antes, tal mangá casa perfeitamente com a arte de Hitoshi Tomizawa, bem como seu estilo de descrever uma história, seus traços meio “bobinhos” ou “infantis” de seus personagens imersos dentro de uma atmosfera perturbadora forma o um contraste prazeroso para o leitor. Yume Nikki me lembrou bastante Milk Closet e Alien Nine, do mesmo mangaká, ao expor crianças ou adolescentes em situações psicológicas intensas, numa atmosfera surreal, o que torna tudo um grande estudo da psicologia infantil dentro de representações oníricas ou místicas da realidade.

No entanto, mesmo o mangá ter tido êxito em apresentar um pouco a atmosfera surreal e aterradora do jogo, apresentando um roteiro com início, meio e fim, acredito que não foi totalmente feliz em representar a absurda estranheza que é o jogo Yume Nikki. Na verdade acho que nenhuma mangá ou novel escrita nos moldes comuns de uma estória pode ter um êxito total neste aspecto. Bem como, o mangá não causa nenhuma sensação ao leitor como desconforto e apreensão e por que não dizer “medo” que só o jogo é capaz de propiciar de uma maneira eficiente, visto tudo ser novo e assustador, bem como espantoso e misterioso, auxiliado pela trilha sonora depressiva e perturbadora.

Contudo, acho que a iniciativa foi válida e só enriquece o universo de Yume Nikki, oferecendo algumas poucas respostas para alguns dos questionamentos dos fãs e criando uma quantidade muito maior de dúvidas e especulações visto ser um mangá curto de apenas 10 capítulos, não tendo espaço suficiente para esmiuçar cada pormenor do mundo de Yume Nikki, o que foi até bom, visto que a graça e o diferencial de Yume Nikki residem nas estranhezas e mistérios de seu universo, o que diverte os fãs até hoje.

Sendo assim, recomendo o mangá pra quem já jogou o jogo e gostou, servindo como uma complementação, um acréscimo para a obra que é Yume Nikki e recomendo também para aqueles que não jogaram o jogo, mas gostam deste estilo de mangá surreal. Finalizo a postagem com um bônus musical, um pouco da trilha sonora perturbadora e depressiva de Yume Nikki.

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