The Night is Short, Walk on Girl – Pensamentos sobre uma obra de arte surrealista.

Eu ainda não sou muito familiarizado com o trabalho do diretor Masaaki Yuasa, mas sem dúvidas conheço a sua fama de “gênio ambíguo”, uma vez que seus trabalhos geralmente causam uma reação mista de amor ou ódio, justamente por sua narrativa e arte fora do padrão, como foi o caso de Devilman: Crybaby. Neste texto, pretendo repassar algumas impressões minhas sobre Yoru wa Mijikashi Arukeyo Otome, ou The Night is Short, Walk on Girl, como preferi chamar por ser muito mais fácil de pronunciar e por ser um título lindo!

The Night is Short, Walk on Girl é um filme de 2017 baseado em um livro de mesmo nome de Tomihiko Morimi, um dos mais famosos escritores japoneses contemporâneos. Diversas obras de Morimi já foram adaptadas em animes e filmes, como no caso de The Tatami Galaxy, também dirigido por Masaaki Yuasa, Penguin Highway e Uchouten Kazoku.

Embora seja um entusiasta da literatura japonesa, eu nunca li nada de Tomihiko Morimi e desconheço suas características como escritor. O livro The Night is Short, Walk on Girl ainda não foi publicado no Brasil, mas para quem tiver interesse e curiosidade sobre a obra e quiser conhecer um pouco mais sobre o livro e o autor, recomendo o excelente texto do meu parceiro Vinicius, do Finis Geekis, “The Night is Short, Walk on Girl”: O gênio eufórico (e aéreo) de Tomihiko Morimi.

Desta forma, baseio minha análise apenas na animação dirigida por Yuasa. Se o que eu escrever destoar das características do livro que inspirou o filme ou do autor, não fiquem bravos. Além de não ter lido o livro que foi adaptado, eu também não assisti nenhuma destas outras adaptações de suas obras e procurei, deliberadamente, não ler nenhuma análise ou comentário sobre The Night is Short, Walk on Girl. Ou seja, tentei ser o mais autêntico possível.

Mas não é como se eu realmente tivesse a pretensão de interpretar e descortinar algum significado oculto na obra. Longe disso, apenas quero expor alguns pensamentos aleatórios sobre simbolismos e metáforas que captei em The Night is Short, Walk on Girl, sob à luz das minhas próprias ideias e dos meus parcos conhecimentos autodidatas sobre psicologia.

Apenas para contextualizar, The Night is Short, Walk on Girl é uma espécie de spin-off de The Tatami Galaxy, pois compartilha a mesma ambientação baseada na Universidade de Kyoto e um ou outro personagem aparecem em ambas as obras. Mas é preciso ressaltar que ambas as narrativas não possuem relação quanto ao enredo, sendo obras totalmente únicas e individuais.

Senpai aplicando sua técnica pouco promissora de forçar encontros casuais.

The Night is Short, Walk on Girl foca em um estranho enredo que se passa em um curto espaço de tempo e tem como um dos protagonistas um jovem que é chamado apenas de senpai, que é como são chamados os veteranos nas escolas e universidades. O Senpai é apaixonado pela “garota de cabelos negros”, a outra protagonista. A garota de Cabelos negros no filme é chamada basicamente de Otome, que é garota em japonês. 

Como Senpai não possui autoconfiança e é extremamente tímido, não consegue abordar diretamente Otome, apenas força uma aproximação rotineira, ou seja, a sua técnica consistia em convenientemente ficar cruzando ou esbarando nela, para que ao longo do tempo ela o notasse. Não preciso dizer que esta é uma técnica que apresenta pouquíssimos resultados práticos.

Ocorre que o Senpai resolveu confessar seus sentimentos para a garota de cabelos negros durante a festa de casamento de uns amigos em comum. Como não era uma festa habitual, depois do jantar no salão de festas, todos os convidados resolveram ir de bar em bar para curtir a noite. Tanto o Senpai como Otome acabam se separando do grupo principal e vivenciando aventuras únicas, mas separados. Assim, começa uma corrida contra o tempo, com o Senpai tentando perseguir a garota que está tendo uma noite agitadíssima pelos bares e festas de Kyoto. Ambos acabam encontrando diversas pessoas e passando por todo o tipo de situação.

Esta cena ilustra perfeitamente a diferença da psique de ambos.

Embora a sinopse possa deixar parecer que se trata de uma mera comédia romântica como tantas outras, nada é conforme o esperado, pois estamos diante de uma obra que transborda realismo fantástico e que preza o simbólico em detrimento de uma narrativa habitual. Isso sem falar do surrealismo das cores e da animação, que acaba acentuando essa impressão de que estamos assistindo um “grande sonho”. E é justamente isso que quero abordar mais a frente neste texto, de como The Night is Short, Walk on Girl possui toda uma estrutura onírica que apresenta com maestria todo um trabalho com diversos arquétipos e símbolos.

Como é tão cara aos asiáticos a concepção de que tudo na vida é composto por opostos, The Night is Short, Walk on Girl não foge deste paradigma decorrente de uma intrincada influência do zen budismo e do taoísmo na cultura japonesa. Senpai e a Garota de Cabelos Negros são opostos tão perfeitos que parecem ser apenas conceituais e isto vai além do fato óbvio de serem homem e mulher. 

Senpai é excessivamente inseguro e retraído, demorando muito tempo em ponderações até criar coragem e tomar a atitude de tentar namorar Otome. E mesmo assim, teve que suportar e enfrentar diversos obstáculos contrários à sua disposição psicológica. Conforme a Teoria dos Tipos Psíquicos desenvolvida por Carl Gustav Jung, onde primeiramente surgiram os termos tão utilizados hoje em dia: introversão e extroversão, Senpai é claramente uma pessoa introvertida, sendo assim, presta muito mais atenção ao seu mundo interno de pensamentos e impressões.

Uma pessoa apaixonada é capaz de qualquer coisa.

Uma pessoa introvertida geralmente possui uma hesitação ao falar, uma insegurança acentuada, uma retenção de sentimentos. Prefere ocupar-se de seus processos internos ao invés de viver e explorar o mundo externo. Por isso Senpai possui tanta dificuldade em encarar a Garota dos Cabelos Negros e dizer que a ama, tendo que utilizar artifícios tão esdrúxulos como forçar “esbarrões” na esperança de ser notado. É como se vivesse de marcha ré, sempre remoendo seus pensamentos, o que é totalmente diverso na atitude da Garota de Cabelos Negros.

Ela, inversamente, possui uma atitude positiva perante a vida, sempre seguindo adiante e nunca olhando para trás. Durante a longa noite retratada no filme, ela segue perseverante em todos os desafios, além de buscar completar sua “missão pessoal” de beber o máximo de bebida alcoólica que conseguir. Por incrível que possa parecer, ela possui uma resistência anormal ao álcool.

A garota se move em direção do que chama mais a sua atenção, sem pausas, sempre experimentando coisas nova e encontrando novas pessoas. A Garota de Cabelos Negros é a própria definição de extroversão. Segundo as palavras do próprio Jung: “um (introvertido) encarrega-se da reflexão; o outro (extrovertido), da iniciativa e da ação prática.” (JUNG, C.G. Tipos Psicológicos. Tradução Álvaro Cabral. Rio de Janeiro, Editora Vozes,1971, p. 47.)

E qual seria o motivo de Senpai se apaixonar perdidamente por ela? Há a famosa frase que diz que “os opostos se atraem”. Não deixa de ser uma afirmação verdadeira. Mas não é tão simples assim. Precisamos delimitar o que seria paixão e esmiuçar os símbolos do filme. Ainda dentro da psicologia analítica, paixão seria simplificadamente uma projeção de um ideal. Senpai não conhece profundamente a Garota de cabelos Negros. O que a faz atrativa nele são elementos puramente externos baseados em sua interpretação do objeto de sua afeição.

Explicando melhor, Senpai não conhece Otome profundamente, ele apenas se atraiu por aspectos superficiais, que vão desde a aparência até a sua personalidade demonstrada pela maneira que ela se porta em sociedade. Mesmo que ele pense que a ame, essa fixação seria apenas uma paixão poderosa. Ou seja, o que ele está “amando” não é a Garota de Cabelos Negros propriamente dita, mas o ideal que ele tem do feminino. A garota representa o que ele (inconscientemente) busca nas mulheres para serem suas possíveis companheiras. Como ele é notavelmente introvertido, possivelmente se vê apaixonado pela vivacidade dela e extroversão dela.

Ainda ficando nos limites da psicologia analítica, temos o conceito de que todo homem possui uma parte feminina inconsciente denominada anima, e toda mulher possui uma parte masculina inconsciente denominada animus. E mesmo se tratando de um conteúdo do inconsciente, estes aspectos exercem grande influência na psicologia de cada pessoa. Resumidamente, cabe dizer que a anima no homem é a responsável por representar a imagem feminina ideal. No caso do filme, é interessante notar que a mulher alvo da paixão de Senpai não possui nome! É apenas chamada de a Garota de Cabelos Negros, como se fosse apenas um símbolo, um ideal.

E esse tipo de atração motivada pela imagem idealizada se manifesta de várias formas, como no caso dos homens que projetam as características de suas mães nas possíveis companheiras ou buscam mulheres que sejam totalmente o contrário delas. Lembrando que não é necessário ter uma projeção materna, sendo este somente um exemplo. No fim das contas o que importa é a idealização do feminino. No caso do filme, não conhecemos a família de Senpai e nem o seu passado, apenas vemos como são seus atos no momento presente.

E seria possível dizer que Senpai realmente amasse a Garota de Cabelos Negros? Isso apenas se daria no aprofundamento da relação, quando ele percebesse que ela não era exatamente como ele idealizada e mesmo assim quisesse ficar com ela. Ela até poderia muito bem corresponder a idealização de Senpai, mas na vida real dificilmente uma idealização corresponde 100% com o que a pessoa realmente é. Apenas com a convivência como casal é possível descobrir os defeitos e aspectos da personalidade mais ocultos.

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The Night is Short, Walk on Girl é um título bastante engraçado, ressaltando aspecto cruel e racional da passagem do tempo, que não dá trégua. A noite é curta e a garota precisa se manter em movimento. Mas como toda a narrativa possui ares de sonho, a noite parece ser muito mais comprida do que realmente é. De qualquer forma, Sensei persegue o seu feminino ideal por uma Quioto noturna e festiva.

O filme se passa em uma Quioto sutilmente fantastica.

A propósito, o fato do enredo se passar a maior parte do tempo de noite é bastante simbólico, uma vez que a própria noite é relacionada com o mundo dos sonhos, além do fato óbvio que é geralmente de noite que se dorme e sonha. A noite, como a lua, são identificados com o feminino, isso desde a pré-história, com uma infinidade de deusas lunares objetos de cultos. O próprio ciclo menstrual sempre foi relacionado com o passar das fases da lua. Essa inconstância e mistério do astro lunar sempre foram relacionados com as características femininas, ao contrário do Sol, símbolo masculino e de poder bruto e racional, que não dá margem ao misterioso.

Importante lembrar que Quioto, onde se passa a narrativa, é uma das mais bem preservadas cidades do Japão em termos de história. Só ela possui mais de dois mil templos entre xintoístas e budistas. A importância como centro místico é enorme. Ou seja, Senpai persegue a Garota de Cabelos Negros (que não possui um nome próprio) por uma Quioto noturna. A atmosfera fantástica é muito forte! É como se realmente fosse tudo uma representação do inconsciente de Senpai, onde o seu ego buscasse uma identificação do seu feminino ideal.

A parte final do filme corrobora com minha interpretação, ou pelo menos a faz ter um pouquinho mais de sentido. No ato final do filme, Otome descobre a afeição de Senpai e resolve ir até ele para cuidar de seu resfriado. Assim como anteriormente, A Garota de Cabelos Negros empreende uma árdua jornada até o coração do Senpai. Neste ponto o filme se torna ainda mais simbólico e onírico do que antes.

Temos neste ponto do filme uma visão do próprio inconsciente de Senpai, onde forças opostas digladiam-se, de um lado a insegurança e dificuldade de tomar decisões e do outro uma crescente manifestação de seus desejos sexuais mais profundos. Ou seja, quando Senpai fica com o forte resfriado, a sua libido acumulada e repreendida se torna manifesta na forma de Johnny. Esta figura é a personificação destes desejos sexuais que toma a forma de um caubói cartunesco.

O fato de Johnny ser representado como um “desenho infantil” também diz muita coisa, simbolizando claramente que este fluxo do inconsciente de Senpai assume uma característica primitiva, pouco desenvolvida, pueril. Ou seja, Johnny representa muito bem aspectos não trabalhados de sua psique, algo “cru” mesmo. Além disso, Johnny é desbocado e possui um pavio curto, estourando com tudo, o que fortalece sua interpretação como algo que não moldado e utilizado socialmente.

Johhny também representa a sombra de Senpai, que são os seus aspectos da personalidade não assimilados pelo ego consciente. Muitas vezes estes aspectos são represados pelas necessidades da vida em sociedade, pois são características consideradas vergonhosas e incompatíveis com o decoro social. Ou seja, Johnny representa muitíssimo bem esse “jorro” de energia primitiva de Senpai. 

Johnny, que mais parece o Wood de Toy Story, é a personificação da libido adormecida de Senpai.

Otome assume um difícil papel de ter que abrir caminho na mente conflituosa de Senpai e apaziguar os seus conflitos, sendo este o clímax do filme. Neste ponto ela assume o papel do “feminino salvador”, que resgata a alma do homem. Na mitologia e em textos gnósticos e neoplatônicos, ela poderia assumir o papel da Sophia, a portadora da sabedoria, o nível mais elevado e sublime do feminino, que restaura e cura a alma. É sabido que entender e integrar e compreender a anima, o aspecto feminino no homem, é um caminho para a evolução pessoal. Assim sendo, como missão final, Otome chega até o coração de Senpai e o resgata do embate conflituoso de sua psique, ordenando e acalmando as coisas.

Não estou dizendo que a história do filme não é real e se trata apenas de algo simbólico tirado da cabeça de Senpai. Longe disso, apenas estou propondo interpretações psicológicas independentes de quais fossem as intenções do autor. Alguém pode ainda afirmar que a Garota de Cabelos Negros também é a protagonista do filme e até aparece mais do que o Senpai e que ao dizer que ela apenas seria um ideal dele eu estaria diminuindo a sua importância.

Quanto a isto, devo informar que nem sempre o ego, que é nosso eu externo consciente, no filme representado pelo Senpai, necessariamente deve estar presente em todos os momentos, ainda mais quando estamos supondo matérias simbólicas! Ou seja, mesmo quando ele não aparece, ainda estamos falando sobre a dinâmica entre o Senpai e a Garota de Cabelos Negros. 

Também é possível mudar o ponto de vista e tratar a Garota de Cabelos Negros individualmente, o que é bem legal também e dá uns insights bem bacanas. Vejo sua saga noturna como uma verdadeira “jornada do herói”, ou uma jornada de iniciação em busca da maturidade. Ela vai da adolescência até a vida adulta. Lembremos que ela é uma estudante universitária, uma jovem adulta, estando no limiar entre o paraíso da infância/adolescência e entrando no mundo bruto e truculento da vida adulta com suas responsabilidades.

Logo no começo do filme, vemos que ela quer beber o máximo que conseguir durante essa noite e provar que é uma adulta completa. Na falta de ritos de passagem modernos, a Garota de Cabelos Negros criou a sua própria prova iniciática, buscando superar sua desorientação juvenil por meio uma experiência transformadora, de uma aventura. Nem todas viagens iniciáticas terminam em finais felizes, mas a Garota de Cabelos Negros provou sua força, demonstrada pela gigantesca tolerância ao álcool e pelos desafios enfrentados e todos superados com maestria!

Muitas das situações vivenciadas por ela poderiam ter terminado em tragédia, mas a garota superou todos os desafios de forma eficiente e definitiva. Quem viu o filme já sabe todo o tipo de situação que ela enfrentou. Não consigo deixar de lembrar dos 12 trabalhos de Hércules. A Garota de Cabelos Negros vivenciou os seus próprios “trabalhos” durante essa longa noite de Quioto e completou seu rito de passagem, permitindo que seguidamente pudesse ingressar em uma outra aventura mais “madura” em busca do amor romântico representada pela tentativa de alcançar o Senpai.

A tumultuada psique de Senpai.

Também é digno de nota que o título do filme enfatiza que a noite é curta e imperativamente ordena que ela tem que andar! Um título que pressupõe uma ordem. Na mitologia há diversos mitos onde o fato de olhar para trás e se demorar no caminho representa a perdição, como no caso de Orfeu e Eurídice. Orfeu desceu ao submundo em busca de sua amada que havia morrido. Depois de muitos desafios, ficou estabelecido que Orfeu poderia ir embora com Eurídice, mas não poderia olhar para trás, caso o fizesse, Eurídice voltaria a ser um fantasma eternamente. Orfeu até o fim da jornada se mantém olhando em frente, até que titubeia e acaba olhando para o caminho de onde veio, colocando tudo a perder.

Na narrativa bíblica do Gênesis há a famosa história da destruição de Sodoma e Gomorra. É permitido que Ló e sua família escapassem da destruição destas cidades, sob a condição de que não olhassem para trás. Como ocorreu com Orfeu, quase no fim da jornada, a mulher de Ló resolveu dar uma espiadinha e virou uma coluna de sal. Interessante destacar que a Garota de Cabelos Negros não olha para trás (simbolicamente) e sempre se mantém em movimento, seguindo a diante, ao contrário do sempre relutante Senpai. Pode ser que não tivesse tudo dado certo nesta noite caso a garota se sentisse insegura, poderia ter colocado tudo a perder e sua iniciação teria sido interrompida.

Outro elemento interessante é o jogo de cores da Protagonista, que possui os cabelos negros e um vestido vermelho. Segundo Jung as cores exprimem funções psíquicas, como o sentimento, a intuição e a sensação (URRUTIGARAY, M. C. Arteterapia: A transformação pessoal pelas imagens. 4° ed. Rio de Janeiro: WAK: 2008.). O vermelho está relacionado, como é de conhecimento popular, ao sentimento, ao sangue e à paixão. Senpai persegue uma garota com “vestido vermelho”, ele persegue, então, o objeto de sua paixão, do amor. Os cabelos negros simbolizam o mistério, a noite, o oculto. Significativo ela ser chamada apenas de “Garota de Cabelos Negros” e de certa forma estando fugindo continuamente, mesmo que inconscientemente, das investidas de Senpai durante a longa noite de Quioto.

Há ainda a questão da relatividade do tempo. O filme é repleto de relógios de todo o tipo que confere uma sutil atmosfera opressiva em determinados momentos. E, fortalecendo o aspecto fantástico da narrativa, vemos claramente que cada relógio flui no tempo de cada pessoa. Mesmo parecendo algo de algum mundo da fantasia, apenas representa como cada personagem encara o tempo.

Por exemplo, um minuto de sofrimento parece uma eternidade, enquanto uma hora de uma boa conversa passa voando. Ou seja, embora o tempo “real” seja opressivo e impassível, a nossa noção dele é individualizada, podendo-se afirmar que o tempo da psique difere do tempo do relógio. Justamente por isso o título do filme é até paradoxal, pois enfatiza que a “noite é curta”, embora ao acompanhar as aventuras de Otome, temos uma clara impressão de que sela se aventurou por muito mais coisas do que seria possível em uma única noite. 

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Sempre quando penso em escrever um texto curto, ele acaba ficando gigante, já desisti de me entender. Contudo, para me escusar, The Night is Short, Walk on Girl exige que se escreva muito sobre, sendo impossível ser sucinto, diante da infinidade de temas e símbolos apresentados. Ainda restaria muita coisa sobre o que falar, como cada etapa da jornada de Otome pela festiva noite de Quioto e muitas outras coisas, mas como não quero me estender ainda mais e como meu objetivo inicial erai apenas escrever um pouco sobre alguns símbolos em específico, penso que cumpri bem o meu intento e termino feliz este texto. Espero que tenham curtido e lembrem-se: A noite é curta, então não deixem de seguir em frente!

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